O jogo de xadrez na educação

Ao consideramos a existência dos jogos a partir de um contexto cultural, passamos a compreendê-lo como um fato social transmitido pela linguagem e aplicado ao real. O brincar e o jogar são ações indispensáveis para a apropriação da cultura e dos modos de perceber e se relacionar com o mundo. Desde o século XVIII o jogar e o brincar são tomados como atividades de ensino na escolarização de crianças e adolescentes, atividades que de maneira geral estão interligadas, por compreenderem estratégias, combinações e regras, mas diferem na possível flexibilização, nos arranjos possíveis do gerenciamento de quem joga ou brinca.
O Xadrez é o segundo esporte mais praticado no mundo, perdendo apenas para o futebol. Conforme Filguth (2007), o xadrez colabora para impulsionar a imaginação, contribuindo para o desenvolvimento da memória, bem como da capacidade de concentração e da velocidade de raciocínio. Além disso, o Xadrez desempenha um papel fundamental na socialização, pois em suas partidas ensina a enfrentar a derrota e a vitória, mostrando que perder não significa fracasso e ganhar não quer dizer que o sucesso foi alcançado.
A inclusão do Xadrez em ambiente escolar permite “uma situação na qual o aluno tem a oportunidade de descobrir uma atividade em que pode se destacar e, paralelamente, progredir em outras disciplinas acadêmicas” (ARAÚJO, 2006, p. 7). Sendo assim um desafio, principalmente para os alunos com dificuldades de aprendizagem, a prática do xadrez, além de fazê-los progredir no desenvolvimento dos conteúdos também os auxilia no desenvolvimento do sentimento de autoconfiança.
Mesmo não estando integrado ao currículo, o jogo de xadrez passou a ser prática entre os escolares, no início como forma de entretenimento lúdico e, aos poucos, como instrumento pedagógico, o que serviu para uma aproximação maior do jogo com a educação. Para se ter uma ideia, Sá (1993), afirma que a primeira iniciativa em favor do ensino e da prática do xadrez nas escolas, aconteceu em 1935 e, a partir de então, as experiências enxadrísticas se multiplicaram e se diversificaram, no entanto, sempre predominando como atividade escolar.
De acordo com Silva e Gruba (2002), algumas pesquisas educativas relacionadas com o xadrez provam a influência positiva deste jogo/esporte sobre seus praticantes, tais como:
·         Binet, em 1891, foi o primeiro que começou a estabelecer relações entre o xadrez e sua influência sobre aspectos do desenvolvimento da inteligência, concentração, imaginação e memória.
·         Rank, em 1974, trabalhando com dois grupos de estudantes, um que estudava o xadrez e outro sem instrução enxadrística, demonstrou que o grupo que estudava o xadrez em cursos dirigidos apresentava uma performance melhor tanto na parte de cálculos como na parte verbal.
·         Stephenson, em 1979, trabalhando com programas intensivos de xadrez provou o aumento do rendimento escolar nas atitudes, esforço, concentração e autoestima em, pelo menos, 50% de seus estudantes
·         Brown, em 1981, afirmou que a difusão do xadrez no meio escolar contribuía, não somente para se exercitar as qualidades pessoais de cada indivíduo como também ajudaria a superar problemas de convívio em grupo e de conduta.
Uma das possibilidades que a escola pode valer-se para estimular o xadrez entre os escolares segundo os autores Fadel e Mata (2008) é o desenvolvimento de projetos integrados às disciplinas escolares. Desta forma, podem além de contribuir para o aprimoramento de competências e habilidades de raciocínio lógico, também auxiliar no processo de aquisição do código linguístico, conceitos matemáticos, artísticos, históricos, dentre outros, sempre instigando a reflexão e o diálogo entre professor e aluno.
Segundo Freitas e Peres (2008), a atividade enxadrística favorece o desenvolvimento mental de crianças, além de lhes impor uma disciplina atrativa, ela responde a uma das preocupações fundamentais do ensino moderno, ou seja, o de propiciar a possibilidade a cada aluno de progredir segundo em um ritmo próprio, valorizando assim a motivação pessoal escolar.

Atualmente, o xadrez vem sendo expandido e adotado nas escolas, para colaborar para o processo ensino aprendizagem possibilitando ao aluno aprimoramento cognitivo segundo seu próprio ritmo. O jogo do xadrez, no entanto do ponto de vista pedagógico, é um esporte estimula pelo menos cinco capacidades do desenvolvimento cognitivo: memorização, concentração, raciocínio lógico, paciência e criatividade, o que acaba sendo fundamental para o sucesso escolar do aluno.

Kleber Jorge Canuto
Professor de Matemática, especialista em Supervisão e Orientação Educacional.

REFERÊNCIAS:

ARAUJO. A.A. O xadrez como atividade lúdica na escola: uma possibilidade de utilização do jogo como instrumento pedagógico no processo ensino-aprendizagem. Anais da IV Semana Acadêmica da Faculdade Social da Bahia, Educação de qualidade para todos - Salvador, Bahia, 2006.

FADEL, J.G.R, MATA V.A. O xadrez como atividade complementar na escola: uma Possibilidade de utilização do jogo como instrumento Pedagógico. 2008. Disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/503-4.pdf> Acesso em 12 de junho 2016.

FILGUTH, Rubens. A importância do xadrez. Porto Alegre. 2007. Editora Artmed

FREITAS, Wanda L. de; PERES, Luis S. O xadrez como meio de sociabilização e desenvolvimento Intelectual. 2008. Disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/874-4.pdf>. Acesso em 12 de junho 2016.

SÁ, A. V. M. et al. Xadrez: Cartilha. Brasília: MED, 1993. Pág. 188.

SILVA, Ricardo Carvalho, GRUBA, Audri L. O Xadrez como ferramenta pedagógica. Revista pró - saúde Veículo Digital de Comunicação Cientifica Volume 1 I Número 1 I Ano Paraná, 2002.

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